Na semana que passou pensei muito sobre esperteza x ingenuidade. Aqui no Brasil a gente logo aprende a ser malandro (como forma de sobrevivência, até!), a sacar a maldade alheia pra não ser passado pra trás. Aí, a gente conhece um "gringo" e pensa, com um certo ar de superioridade: "que ingênuo"!
Mas pensando bem, qual o problema? É bem melhor ser "ingênuo" e enxergar apenas as boas intenções, do que ser esperto a ponto de ficar caçando a maldade em todos à sua volta.
Ao invés de viver rodeada desses pensamentos, é preferível desaprender a ter esse olhar desconfiado e voltar a filtrar apenas o que é bom. Alimentar-se do ato em si, ao invés de ter uma indigestão de segundas intenções!
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Isto posto, queria comentar um assunto que andei lendo na blogosfera, mais especificamente
aqui, sobre brasileiros que têm preconceito com os "newcomers". Juro que não consigo acreditar nisso. É o fim da picada! Dizem que quem diminui os outros, precisa fazê-lo pra se sentir seguro, tão baixa é a danada da própria auto-estima
e é bem verdade que muito da nossa arrogância, quando bem investigada, vem mesmo da nossa falta de confiança... mas pera aí, a gente não está indo pro Canadá justamente pra viver numa sociedade mais igualitária? Para deixar pra trás os preconceitos medíocres e tentar abraçar um pensamento novo?
Ou será que é só discurso pra boi dormir?!
Brasileiro que viaja pro exterior e não gosta de encontrar outro brasileiro existe aos montes.
Mas se o cara resolveu imigrar (pro Canadá ainda) ou seja, passar por todo o processo de dúvidas, investigação, separação de documentos, espera, mais espera e landing, e tem um outro cara lá que escolheu a mesma coisa, o mínimo a fazer é se solidarizar. Ninguém entenderá melhor o que cada um passou e isso por si só já é um vínculo tremendo, mesmo que os caminhos não se cruzem mais. E é aí que eu não entendo como alguém pode
ser tão arrogante assim para virar as costas a uma projeção de si mesmo, ou seja, a alguém que ocupa o mesmo papel que já foi ocupado pela pessoa no passado. Não faz sentido!
Ninguém é obrigado a ajudar, é verdade, e tendo a pensar que essa atitude advém da necessidade de valorizar o próprio aprendizado e as próprias conquistas, e
por mais egoísta que seja, pode ser que o cara só não queira dar informações de mão beijada para os que acabam de chegar. É uma pena que pense assim, mas até concordo que tem muita gente folgada mesmo! Mas também tem gente que não encontra a informação,
(o que tive o desprazer de descobrir que, muitas vezes, é o meu caso) acontece com qualquer um. Mas "pera" lá, chegar ao ponto de ter preconceito com um outro brasileiro nas mesmas circunstâncias que você, aí já é demais! De todos os povos que conheci, acho que isso só acontece com brasileiro. Juro. O que é uma pena pra nós!
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Em compensação, também li sobre o
Pay it Forward de imigrantes, no maior estilo
Corrente do Bem. Pra quem nunca ouviu falar, trata-se de ajudar alguém, uma outra pessoa, após ter sido ajudado no momento em que precisou.
Não precisa ser brasileiro, não! Abaixo as fronteiras!rs
Acho que é esse tipo de pensamento que a gente deve valorizar, principalmente em relação aos nossos companheiros de jornada, que podem não ter nada a ver com a gente,
nem a naturalidade, mas são íntimos na angústia, na ansiedade e também nas alegrias que esse processo nos causa.
Felizmente, ainda vejo tanta gente bacana querendo ajudar os outros por meio de blogs, fóruns e afins, que teimo em acreditar que essa minoria vai acabar aprendendo a ser menos preconceituosa e enxergar de vez que existe espaço para cada um brilhar no que faz melhor! E não é ingenuidade pensar que quanto mais ajudarmos as pessoas a desenvolverem seus potenciais, mais prosperidade vamos gerar para todos nós...
É isso, sem medo de ser passado pra trás,
Pay It Forward! ;)