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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Namoro com o Canadá

Eu namorei o Canadá por alguns anos até me mudar pra casa dele em 2007. Nosso primeiro apartamento era lindo: bem iluminado, bem localizado (no bairro de Coal Harbour, em Vancouver), super prático, com tudo novinho e com uma muitas janelas, que serviram de moldura para estonteantes fins de tarde -coloridos em rosa, lilás e laranja.

Foi difícil não me apaixonar por aquele povo correto, que fazia o certo simplesmente porque era certo, e que dava um voto de confiança para que a gente fizesse também. A verdade é que não lhes fazia sentido agir de outra forma. Se agir com ética, respeito e solidariedade permitia que todos vivessem bem, ficava mesmo sem sentido preservar aquela angústia, o medo de ser assaltado em qualquer esquina e o egoísmo necessário à sobrevivência, que todo paulista conhece tão bem.

E o namoro foi evoluindo, com o Canadá sempre me fazendo pequenas surpresas. Primeiro, ofereceu um seguro de saúde baratinho, já que eu estava estudando na Vancouver Film School. Depois, resolveu me entregar cheques de reembolso a cada trimestre, pois não achava justo que eu pagasse as taxas que vinham embutidas nos produtos, se eu ainda nem sabia se iria ficar por lá mesmo.

Estava tudo ótimo, até acabar a faculdade. Aí não foi fácil... estava sensível, cansada e me deu uma saudade danada do Brasil. Juro que nem sei como consegui me afastar do Canadá. Fiquei um ano longe e só voltei em julho, pra passar o aniversário com ele. Ele continuava lindo. Lindo por dentro e por fora. Ele me mostrou novos caminhos, lugares lindos como as Rocky Mountains e me mostrou que existe verão por lá, sim! Mas eu não estava preparada pra ficar de vez, sentia uma certa culpa de deixar o Brasil! Ai, como é difícil esquecer uma paixão antiga... (continua)

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