Há quem diga que cada escolha feita representa a morte de centenas de oportunidades. Na sociedade de hoje, realista, racional, o impalpável "e se..." não é visto como um trunfo de um ser questionador, mas uma "perda de tempo" no processo de formação de uma personalidade "assertiva", "decidida" e "focada". Eu nunca entendi isso muito bem. Talvez porque tenha vênus em gêmeos e queira provar de tudo, talvez porque tenha o clássico medo de errar. Pelo sim e pelo sim(rs), tenho trabalhado na terapia a ideia de que não existe escolha certa ou errada, mas a escolha de cada um, em determinado momento. E tive de aprender a lidar com o que as pessoas pensam sobre as minhas escolhas, porque todo mundo tem direito a ter opinião e nem todo mundo quer se casar com o Canadá (rs).
Até aí tudo bem, mas começou a ficar perigoso quando começaram a questionar o meu afeto em relação às pessoas que me rodeiam, isso me machucou muito. Foi o meu psicólogo que me ajudou a enxergar que o afeto não pode ser limitado à presença. Se assim fosse, deixaríamos de amar quem passou para o plano espiritual? Quem esteve ao nosso lado por anos, mas já não faz parte da nossa rotina diária? Comigo não é assim. Mas algumas escolhas envolvem a distância e a gente tem de encontrar o melhor jeito de contorná-la, seja via carta, cartão postal, e-mail, nextel, skype ou o que for necessário...
O fato é que, em algum momento, todo mundo acaba fazendo escolhas difíceis, que nem todo mundo concorda. Ainda assim, é melhor discordar dos outros do que de si mesmo.
Faz parte do amadurecimento aceitar que cada escolhe envolve, sim, uma morte. Uma não, várias. Mas envolve também uma série de nascimentos. Cada escolha traz, em si, infinitas outras possibilidades. Cabe a cada um olhar para trás ou para frente. Eu cansei de olhar para trás, para o que eu poderia ter sido. Não seria nem justo comigo olhar a Andrea de antes (e julgá-la), com os olhos da Andrea de hoje. É por isso que o Krishnamurti diz que devemos nos focar no presente, no momento. Esta é a única Andrea à qual tenho acesso e, hoje, é ela quem decide. E uma grande decisão está a caminho...
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