"O QUE HÁ
O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas
Essas e o que falta nelas eternamente
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço..."
Álvaro de Campos
Transformar palavras em arte... maravilhoso, né? E muito significativo para nós, que sabemos bem o que é cansaço!!!
ResponderExcluirAdoro o Pessoa! Agora estou me perguntando se ele se cansou tanto por ter tantos heterônimos ou se ele tentou imigrar para o Canadá... =P
ResponderExcluirBeijos,
Lidia.
Nem me fale!!!
ResponderExcluirParece que isso foi escrito especialmente para mim.... hahahaha!
que canseira!
beijos
Liz
Haja inspiração né, gente?! Mas nós também estamos inspiradas em manter tanto tempo de blog sem novidades do consulado, né??? hehehe
ResponderExcluirEu também tenho alguns heterônimos: tem a dea otimista, a dea cansada, a dea engraçadinha e dea muuuuito irritada...esse processo gera quadripolaridades!!! =D
Abração!