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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Casamento civil

Terminei o último post dizendo o quanto é difícil deixar uma paixão antiga. E era exatamente isto que o Brasil significava pra mim. Aí, quando vem a saudade, é inevitável, a gente só lembra das coisas boas: das festas, da família, dos amigos, da música, da comida e da alegria que só o Brasil sabe ter.

Eu queria tanto acreditar nele, era capaz de defendê-lo contra qualquer um que ousasse dizer que ele não tinha jeito. Ficava horas no trânsito, trabalhava dignamente, ganhava pouco, estudava mais, fazia tudo direitinho. E por mais que eu visse todo mundo sacaneando o Brasil, não desistia. Tinha pena, sabia do seu potencial, da sua luta e da sua garra para crescer. Também me compadecia de sua dor, da falta de acesso a condições mínimas de saúde e estudo. Sempre soube que seria uma batalha longa e árdua, mas queria fazer a minha parte, mais ou menos como naquela historinha do passarinho que levava água no bico pra apagar o incêndio da floresta...

Mas o passarinho congelou. Já não conseguia viver sem esperanças, sem acreditar no que estava fazendo. Já não era exemplo pra ninguém. Ficou fraco, fora de forma, deprimido, cada vez mais só. Olhou a sua volta e viu que, enquanto estava tentando apagar o fogo na floresta, os outros riam, dançavam e ainda colocavam mais fogo nas labaredas. E quando chegou a este estágio de solidão, imediatamente se lembrou do antigo namorado que havia deixado para trás, o Canadá.

Para não perder mais tempo, o passarinho (ou melhor, a passarinha aqui) decidiu entrar com o pedido de casamento de uma vez por todas: deu entrada no formulário de imigração. Foi num dia de chuva, sem romance, nada de especial. Entrou numa fila do correio, entregou os papéis e saiu, sentindo medo e alívio ao mesmo tempo.

A resposta demorou e depois soube que a entrada só foi dada no mês seguinte (todo mundo anda querendo casar com o Canadá!). Dali em diante, com um pouco de sorte, os planos seriam: uma pequena lua de mel, os preparativos para o casamento civil e, finalmente, o casamento religioso, seguido de uma grande festa!

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