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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Para quem tá moscando...

Ando sem ânimo pra escrever. Aliás, sem ânimo pra nada. Justo agora que, pelo que dizem, é a época da esperança. Mas o post da Lídia me fez comentar. E parece que eu criei uma nova regra pra mim: cada comentário, um post! Como o meu bloguinho anda às moscas, resolvi colar por aqui...

Aviso: seguem cenas de violência explícita e muita lamentação. Se tem mais o que fazer, não perca seu tempo aqui.

Eu tô de saco cheio até de pernilongo. Juro. Ando com um ódio mortal deles. Vejo um brasileirinho corrupto em cada um, querendo se dar bem, tirar o sangue dos outros. E me sinto violentada por eles, como pelas notícias que escuto pelo rádio ou televisão dos vizinhos, já que eu nem ligo mais os meus. Quando muito, pego um jornal buscando amenidades e me deparo com ônibus queimados na primeira página. Morrem policiais, morrem bandidos, morrem civis, só os pernilongos não morrem!

E vou seguindo a minha rotina, tentando ficar alheia a tudo isso. Queria ficar invisível até chegar o dia do meu processo (e eu só tenho 11 meses de Quebec!), mas nem isso os pernilongos deixam! Todos os dias eles me lembram que eu sou de carne e osso, ou melhor, carne e sangue doce. Hoje sonhei com um mosquito gigante da dengue! Até meus sonhos as criaturas invadem!!!

E o pior de tudo é que me sinto um monstro quando mato um. Morro de dó, corrói minha alma. Ontem, com a perna pegando fogo depois de 11 picadas (eu contei!), tirei meu chinelo e, não sem hesitar, matei um bem alimentado. A imagem do redentor! Mas, como já devia esperar, não funcionou. Olho o sangue dele na parede e tenho vergonha de mim. Do monstro que me tornei. Da prova cabal de que um meio hostil nos torna capazes de feitos inimagináveis. Horripilantes. Em qualquer proporção.

Diante da conquistada impunidade, agora os vejo passar diante de mim com um sorriso maroto, como o dos deputados que se safam com regimes abertos e semiabertos. Olho e sinto raiva deles e de mim. Uma raiva que não vai passar. Uma raiva de não poder fazer nada, nem sumir...

E aí chegam os tiranos com máquinas mortais, aquelas raquetes eletrocutadoras de bichinhos, e sorriem para mim, satisfeitos por me “resgatarem” da minha “incapacidade reacionária”. Cada pernilongo tostado é um glória para esta espécie. Que definitivamente não é a mesma que a minha. A minha se arrepia com a barbárie. A minha só quer ter paz, bem longe daqui. Mas ainda não dá. E o calor está só começando… bora colocar casca de laranja na tomada!


*Recebi 5 novas picadas enquanto escrevia este post. E só pra me deixar um pouquinho pior, este pernilongo conseguiu se tornar invisível. 

Passarinhos comem 150 pernilongos por dia (daqui)

9 comentários:

  1. Ai Dea, tá muito engraçada essa sua revolta com os pernilongos. Aqui em casa também tá cheio mas eu acho que tenho sangue ruim e eles raramente me picam.
    Pelo menos isso!
    Pra mim pior que pernilongo é esse calor infernal. É eu me sentir suada, nojenta, derretendo durante todas as 24 horas do dia. Eu fecho os olhos e sonho com o frio. Eu imagino o frio, quase chego a senti-lo. Mas aí sopra um ventão quente e leva todos os meus sonhos embora me lembrando que eu nasci num país tropical. Se é abençoado por Deus, isso eu já não tenho certeza.
    Beijos

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    Respostas
    1. Ai Ca! Bate vento aí? E eu aqui na estufa. Nem ventinho bate. Só em janeiro, mas aí é de derrubar árvore! Todo ano a mesma história...

      Qual será a resistência ao calor dos pernilongos? Não lembro de tê-los visto no Canadá! Em compensação, quando a minha mãe esquece uma frestinha de 1 mm da janela do carro aberta durante a noite (e o carro vira aquele forno de manhã), ele acaba se transformando num hostel de luxo, chegam pernilongos de todas as partes.

      Um dia a premiada fui eu, ao ser a primeira a entrar no carro de manhã. Liguei o ar condicionado e saíram uns 50 lá de dentro. Eu quase engoli uns 3, literalmente. Affe. E tem gente que não gosta de lagartixa.

      Bisous!

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    2. Ânimo para nada.....

      Era exatamente o que eu tinha.
      É impressionante como cada mês de espera é igual para todos os candidatos a imigração.
      Passamos por isso tbm.

      Respira fundo e se distraia com familia e amigos o máximo que puder que ajuda.

      Abraços

      Fernando

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    3. Exatamente... parece que não vou aguentar. E ainda faltam muitos!

      Já comecei a achar que a minha meta (março/13) é sonhar alto demais.

      E depois ainda tem o processo de sponsorship!!! E ainda vem pernilongo testar a minha paciência! rsrs

      Mas uma hora sai, não é mesmo?!

      Abração!

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    4. Dea, acabei esquecendo de algo.
      Se vc casar antes de sair o visto, vai ter que renovar o CSQ para concluir o Federal. (Foi isso que falaram pro meu amigo na mesma situação que vc)

      Abraços

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    5. Ah é, tem essa ainda... o seu amigo tem blog?

      Abraço!

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    6. Não tem não, mas se vc frequenta a comunidade brasil quebec, o nome dele é NEURAMOS

      Abs

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  2. Sabia que daria um ótimo post!

    Eu não vi nenhum pernilongo no Canadá, mas era inverno... Aliás, não vi inseto nenhum. Mas já me disseram que no verão eles aparecem: os pernilongos e também as aranhas! :o

    Anda falta um tiquin, mas ver a Camila receber o combo com 18 meses me animou...

    Beijos,
    Lidia.

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    1. Pois é né?! Quem sabe o seu não sai com 17 e o meu com 16? =D

      O único problema vai ser essa nova leva de prioritários...

      Beijão!

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